Já sentiu, com certa frequência, forte tontura, vertigem ou até mesmo ânsia de vômito após movimentos bruscos da cabeça ou mudanças posturais rápidas?! Uma das possíveis causas pode estar atrelada ao seu sistema vestibular, que se localiza no ouvido interno, na região temporal do nosso crânio. Disfunção do sistema vestibular e vestibulopatias (que são doenças específicas que acometem essa região, comprometendo equilíbrio e outras funções do corpo) estão presentes em aproximadamente 85% da população brasileira, segundo estudo de 2019, onde o principal sintoma é forte tontura, sendo mais recorrente em adultos e idosos. Alguns casos precisam de medicação e avaliações minuciosas pelo médico otorrinolaringologista e fisioterapeuta. Porém, grande parte desses problemas vestibulares podem ser minimizados e tratados com exercícios gerais e específicos, e claro, mudanças no estilo de vida! A grande questão é: como nosso sistema de equilíbrio funciona e influencia nos nossos movimentos? O quanto ele pode comprometer nossa saúde? E como podemos implementar os exercícios específicos na rotina para minimizar esses sintomas e disfunções? O conteúdo de hoje é justamente sobre isso... então vamos nessa!
Assim como na última postagem aqui do blog, sobre sistema visual, teremos prática também (vídeo publicado no meu canal do Youtube), com exercícios simples e acessíveis que você fazer diariamente, com foco em reduzir alguns dos sintomas mais recorrentes devido ao pouco estímulo a essa estrutura.
*O link para o vídeo completo, com os direcionamentos da prática estão aqui > https://www.youtube.com/watch?v=L3HV3t52oKQ
Nosso ouvido interno é o primeiro sistema que se desenvolve neurologicamente quando somos um feto, isso nos permite nascer já tendo aprendido um pouco sobre a única força que somos constantemente submetidos durante a vida, a FORÇA DA GRAVIDADE! Dito isso, as áreas primárias mais relevantes para nossa conversa de hoje sobre sistema vestibular e movimento são: Canais semicirculares (horizontal, anterior e posterior), Órgãos Otolíticos (Sáculo e Utrículo) e nervo vestibulococlear (Par de nervo craniano VIII). Mas qual a função de cada uma dessas estruturas?
Os órgãos otolíticos nos dão informação de aceleração linear e deslocamento do corpo no plano horizontal e vertical. Já os canais semicirculares nos dão informação de movimentos da cabeça: Rotação para os dois lados (horizontal), flexão e extensão (anterior) e inclinação lateral para os dois lados (posterior); e os canais semicirculares estão orientados a 90° entre si, ou seja, eles também sinalizam a movimentação da cabeça quando há combinação desses planos de movimento.
Cada canal é formado por ossos e preenchido com uma espécie fluído gelatinoso chamado endolinfa. No fundo de cada canal, pela forma circular que tem, existe estrutura alargada chamada ampola. Dentro dessa ampola tem uma estrutura em forma de vela chamada cúpula. Anexado ao fundo da cúpula temos o nervo vestibulococlear, que leva as informações para o cerebelo. Quando a cabeça se move, isso faz com que o fluido no ouvido dobre a vela (cúpula) em uma direção ou outra. Dependendo da direção em que ela se inclina, o nervo dispara com maior ou menor frequência (isso acontece para estruturas vestibulares do lado direito e esquerdo da nossa cabeça). Quando essa informação chega para nosso cérebro ele vai INTERPRETAR (dar sentido a informação) e em seguida ele vai associar essa informação com as que chegam do sistema visual e proprioceptivo também (além de outros sistemas sensoriais), como se estivesse checando se todas as informações “estão coerentes entre si” – que é o caso da COMPATIBILIDADE SENSORIAL que discutimos em postagens anteriores.
O problema é quando a pessoa sofreu com alguma lesão grave na cabeça ou é sedentária e passa o dia todo sentada (cabeça parada na mesma posição e pouco estimulo de variação de movimento), ai nesses casos pode haver uma alteração na frequência do impulso nervoso (deixando-o mais fraco, forte ou até mesmo lento) gerando confusão\incoerência entre as informações sensoriais dos sistemas, aumentando a percepção de ameaça pelo nosso cérebro pela INCOMPATIBILIDADE SENSORIAL, repercutindo negativamente no movimento e gerando sintomas como vertigem, fortes tonturas ou até mesmo vômito.
Algumas recomendações de mudança de estilo de vida que você pode adotar para reduzir o déficit na função vestibular são: Primeiro, adicionar uma rotina de exercícios físicos regular. Ser fisicamente ativo é importantíssimo para seu corpo aprender a lidar com maiores demandas em diferentes posturas, estimulando a integração do corpo como um todo, e dependendo da modalidade, o componente sócio-emocional ao interagir e dividir momentos com outras pessoas traz ótimas respostas endócrinas e neurológicas!
Segundo, caso seus sintomas estejam muito intensos, consulte um fisioterapeuta específico (fisioterapeuta vestibular) para uma avaliação minuciosa, pois existem vestibulopatias que precisam de acompanhamento de perto por um profissional.
Terceiro, exercícios específicos! Agora vou trazer para vocês duas práticas podem ser realizadas em qualquer local, a qualquer hora do dia, para estimular com qualidade seu sistema vestibular.
No primeiro exercício vamos trazer o foco para a mobilidade cervical, que está diretamente relacionada com o quanto sua cabeça consegue se mover em toda sua amplitude de movimento, consequentemente afetando o quanto você consegue levar de estímulo para o sistema vestibular. Vamos realizar as Rotações Articulares Controladas com a cervical, onde você pode iniciar na posição de pé, em postura neutra, e lentamente trazer o queixo no peito (realizando uma flexão da cervical); ao fim da flexão, você irá trazer o queixo no ombro direito\esquerdo (realizando uma rotação da cervical); após isso, você trará sua orelha direita\esquerda para as costas (realizando uma flexão lateral); em seguida comece a trazer seu queixo para o teto (extensão e rotação cervical para direita\esquerda) até sua orelha direita\esquerda “cair” nas costas; traga seu queixo no ombro direito\esquerdo e finalize deslizando o queixo colado no peito até o ponto onde começou. Você pode realizar de 3 a 6 repetições para cada sentido, mantendo o ritmo lento e o resto do corpo bem firme\parado, sem se mover, focando só na cervical. Essa técnica já vai ajudar bastante a trabalhar toda capacidade de movimento da sua cervical e também gerar estímulo em todos canais semicirculares (movimentos da cabeça) em um ritmo controlado e em uma posição que você se sente “seguro”.
No segundo exercício vamos trazer o foco para os movimentos da cabeça mantendo um foco visual, já que o sistema visual e vestibular interagem diretamente e constantemente um com o outro, ambos tendo grande influência em “como” nos movemos. Você pode usar sua unha do polegar, uma caneta ou um alvo na parede para focar sua visão enquanto realizará movimentos de rotação e flexão lateral para direita e esquerda, flexão e extensão cervical, sem perder o foco visual no alvo. Você pode iniciar na posição de pé, com a base dos pés próximo a largura do quadril. Lembre-se de não mover nenhuma outra região do corpo além da cabeça, para conseguirmos tirar o máximo proveito desse estímulo. Você pode facilitar esse exercício fazendo na posição sentada ou aumentar o desafio deixando os pés juntos, com a base bem estreita. Realize por volta de 2 a 4 movimentos para cada sentido com a cabeça, no fim descanse a visão olhando para longe (horizonte) ou piscando várias vezes (suavemente).
Experimente implementar de forma distribuída durante o dia esses exercícios, por volta de 2 a 3 meses e analise a diferença dos seus sintomas de tontura, vertigem e mal-estar, antes e após esse período de prática... talvez você perceba os benefícios em menos tempo! Mas a constância é fundamental, então seja consistente, certo?
Agora me responde aqui abaixo nos comentários se você já praticava ou conhecia alguns desses exercícios e sugestões que eu trouxe aqui nessa postagem, e se você sabia que era possível tratar disfunções vestibulares de forma natural com exercícios gerais e específicos. E claro, não custa nada lembrar, se cadastra aqui no site (é de graça e leva menos de 2 minutos) para ficar por dentro de todas as novidades que serão lançadas nas próximas semanas, além de ganhar pontos do programa de fidelidade, ganhando descontos e benefícios! E se você quiser obter mais benefícios e conteúdos exclusivos, realize sua assinatura mensal no PLANO DE MEMBROS, onde você irá receber videoaulas, e-books, conteúdos em textos aqui no blog que só assinantes recebem, e descontos em cursos e mentoria. Confere lá nossas 3 opções de planos! Tá imperdível!
Então é isso, galera! A gente se vê no próximo conteúdo! Abraço!
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